Vampire
As duas andavam pelos corredores do shopping, como normalmente. Duas adolescentes comuns de 16 anos. Não eram populares, mas não faziam parte dos rejeitados. Elas estavam só... Ali, dividindo espaço com outras muitas pessoas, tão diferentes e tão parecidas.
- Por favor, Jess!
- Clarisse, eu já te contei um bilhão de vezes!
- Eu tenho a vida muito chata, preciso sentir emoções pelos sonhos das minhas amigas!
- Ta bem, só mais uma vez. Eu tava andando normal na rua, aí começou a chover. Não muito forte, só um pouco. Eu comecei a andar um pouco mais rápido, virei à esquina, e vi ele, com um casaco preto. Ele era tão lindo! Cabelos loiros e olhos azuis! Tipo o DiCaprio! Aí ele disse: ‘Estava esperando por você, Jessica.’ E depois, minha mãe me acordou.
- Sua mãe é tão corta-clima! Até nos sonhos!
- Sabe de uma coisa? Eu não tenho certeza se queria terminar o sonho...
- E por que não?
- Sei lá, só um mau pressentimento. Mas isso não importa!
- Tem razão! É melhor a gente ir logo antes que acabem os nossos CDs!
Elas entraram na loja, acharam os CDs que procuravam e estavam na fila do caixa, quando o celular de Clarisse começou a tocar. Atendeu e, depois de alguns segundos falando, desligou.
- Era minha mãe. Ela disse que meu irmão quebrou o braço. Ela vai passar aqui pra me pegar, vou ter que ir.
- Tudo bem, eu compro pra você. Clarisse...
- Fala Jess.
- Nada não, depois eu te ligo.
Clarisse saiu da loja, deixando Jessica com uma sensação estranha, como se nunca mais fosse ver a amiga. Resolveu deixar isso de lado e pensar em como seria a viagem que elas fariam no fim de semana.
Vinte minutos depois, Jessica estava andando na rua, estranhamente deserta para aquele horário. Uma garoa fina começou a cair, e Jessica apertou o passo, tentando reprimir a sensação que sentia de que estava sendo seguida. Ela conhecia bem o caminho de casa, mas por algum motivo, resolveu cortar caminho, despistar. Virou uma esquina, e sua sensação foi substituída por uma onda de dejà vu. Sim, aquela situação era extremamente parecida com a do seu sonho, e, mas à frente, estava o homem de casaco preto, olhando em sua direção.
Vendo assim, pessoalmente, Jessica não achou que parecesse um homem. Parecia mais um garoto, de no máximo 17 anos, mas era ainda mais bonito que no sonho. Mesmo sentindo que algo estava errado, Jessica andou até ele, não por vontade própria, e sim como se uma força maior a estivesse comandando.
E, como no sonho, o garoto se aproximou dela, dizendo numa voz mais suave que veludo:
- Eu estava te esperando, Jessica.
Ele se aproximou, e o que veio a seguir não foi um beijo. Tirou os cabelos de Jessica do pescoço, e num movimento gracioso e mortal, a mordeu, bebendo todo o seu sangue. E Jessica, apenas dormiu novamente, dessa vez num sono sem sonhos.