já vi Doutor Estranho!

11/23/2016 Isabela Bracher 0 Comments

    E aí, Chuchus!! Sim, trago hoje mais um post sobre filme de super-herói! Porque isso é mais forte que eu, e eu não conseguiria não assistir o filme mesmo se tentasse muito. Então vamos lá!
    E antes de começar, tenho que avisar que esse filme vai ter muitos spoilers, então se ainda não assistiu o filme é bom nem continuar!

    Antes de falar sobre o filme em si, é preciso falar sobre o elefante branco (piada intencional) na sala. Houve, e ainda há, uma grande discussão política acerca da Anciã, interpretada pela Tilda Swinton (mulher incrível, mas vou falar dela depois).
    Nos quadrinhos, o Ancião é um monge tibetano bem velhinho, que se encaixa perfeitamente no estereótipo de monge tibetano. Já no filme, o Ancião virou A Anciã, uma monge celta. “Por que isso é importante?”, você me pergunta. Bom, a simples mudança de gênero do personagem não é importante porque, realmente, isso não faz diferença no personagem – e curiosamente foi esse o fato que mais foi comentado quando saiu a notícia da escalação. O que é importante, nesse caso, é a mudança de etnia. Quando foi criado, o Ancião se encaixava perfeitamente no estereótipo de monge tibetano justamente porque esse estereótipo ERA importante para a história. O fato de ele ser tibetano teve um papel fundamental em toda a criação do personagem e, assim, na própria magia desse mundo. Seria o mesmo que contar uma história sobre um brasileiro que viaja para os Estados Unidos levando o Curupira com ele, mas no filme trocar o brasileiro por um asiático. Simplesmente, não faz sentido que um asiático tenha contato com um Curupira, que é um personagem da cultura brasileira, da mesma forma que todo o universo mágico presente em Doutor Estranho é inspirado na cultura tibetana.
    Mas se isso é tão importante, por que trocaram? Simples, porque atualmente há um conflito entre China e Tibet, e a China é um dos países onde o cinema norte-americano mais lucra com bilheteria. Isso é, quando o filme não é proibido por conter algum conteúdo considerado, pelo governo, como impróprio. Exatamente, não censurado, PROIBIDO. E com certeza um filme que homenageia, de certa forma, a cultura tibetana seria proibido na China. E se for pensar bem nisso, tiraram um personagem tibetano extremamente importante do filme, mas colocaram um dos santuários na China. Não foi questão de neutralidade, foi realmente questão de escolher lados em um conflito.
    Mas enfim. Agora que tirei do caminho os aspectos políticos por trás do filme, vamos ao filme propriamente dito.
    Comecemos pela Tilda Swinton, que foi o catalisador de toda a polêmica do filme. Ela é incrível, mulherão da porra. A atuação dela foi perfeita, e mesmo que a Anciã seja diferente do Ancião em vários aspectos, a atuação dela foi perfeita para o papel.

    Temos também Benedict Cumberbatch, que fisicamente parece ter sido criado em laboratório pra interpretar o Stephen, e que realmente faz um bom trabalho no filme. Aliás, todo o elenco é muito bom: Benedict Wong, Chiwetel Ejiofor, Mads Mikkelsen, Rachel McAdams. O problema é a utilização dos personagens.
    Como sempre, o vilão não é bem desenvolvido e falta muita motivação pra que as ações dele pareçam legítimas. Todo o personagem se desenvolve em cima desse plano que ele tem de contatar esse ser sombrio que vai libertar a humanidade do tempo, o que seria na verdade um ato altruísta, principalmente considerando os argumentos que ele usa. Mas em nenhum momento conseguimos ver isso. Também não é possível ver um desejo e poder, nem qualquer outro tipo de motivação. Ele parece na verdade um capanga que mal sabe dos planos do chefe, mesmo tendo sido ele a orquestrar todo aquele plano. E ele foi o único “vilão” que teve pelo menos personalidade.
    Wong foi somente funcional, Mordo estava lá pra ser o “amigo” e “professor” pra que nós nos simpatizássemos com ele antes de ele virar completamente a casaca na segunda cena pós-créditos, e eu ainda não sei o que a Christine tava fazendo lá. Sério, ela deve ser a personagem mais inutilizada da Marvel até agora. O personagem que teve mais desenvolvimento – tirando Stephen, claro – foi a capa.
    E um pequeno detalhe que me incomodou, mas que não necessariamente foi um problema, é que o Stephen Strange foi menos cuzão do que deveria. Conheço pouco dos quadrinhos, mas sei que ele ultrapassa os níveis Stark de arrogância, e no filme ele pareceu bonzinho demais.
   Todas essas são críticas ao roteiro, que não conseguiu desenvolver nenhum personagem direito.
    Mas o filme também tem muitas coisas boas.
    Os efeitos visuais, por exemplo, são – com o perdão da palavra – foda pra caralho. O que dizem sobre a possibilidade de indicação ao Oscar nessa categoria não são exagero. Tem muito de A Origem, mas com um toque psicodélico que faz muito sentido com o filme. Tem também as cenas de projeção corpórea que, mesmo tendo sido feitas antes de várias formas, pareceu bem original.
    O humor do filme, que já é característica da Marvel, pra mim também pareceu bem dosado, e fez o filme ficar bem divertido de assistir – que é diferente de ter achado o filme “engraçado”. Homem-formiga é engraçado, Doutor Estranho é muito divertido.
    E outro ponto que achei muito bom foi o desfecho. Apesar de não ter sido desenvolvido nem um pouco durante o filme, achei bem interessante a forma como Dormammu apareceu no fim do filme e como ele foi derrotado.
    Vi várias pessoas comentando que aquilo parecia uma solução simples demais, que Dormammu podia simplesmente continuar matando Stephen até ele se cansar, ou que podia simplesmente não matar ele e quebrar ele mesmo o loop. Acontece que não sabemos quantas vezes ele matou o Stephen, ele poderia ter feito isso milhares de vezes, cada uma mais dolorosa que a outra, mas Stephen simplesmente não saberia o que aconteceu quando o loop começasse novamente. Só quem sabe o que aconteceu, e quantas vezes aconteceu, é o Dormammu. E ele não pode quebrar o loop porque ele não sabe o que é isso, nem como isso funciona, porque ele nunca teve contato com tempo.
    Pessoalmente achei isso genial.
    E sobre o futuro de Stephen Strange, acho muito interessante que haja já uma conexão cm os outros filmes. Só acho que poderia ser mais sutil, como foi com Guardiões da Galáxia e Thor. Ele já mostrou que é muito poderoso, então vai com certeza ser muito importante no futuro. Estou aguardando ansiosa por um debate intelectual entre ele e o Tony.

    Colocando então tudo na balança, considerando de um lado a falta de desenvolvimento dos personagens e o vilão, e do outro os efeitos, o elenco, o desfecho e o humor, acho que o filme foi muito bom. Dou 4 chuchus, só pra ficar com nota maior que a de Esquadrão Suicida. Porque sim, o nível do filme é bem superior, tanto de roteiro (mesmo que também seja bem falho), quanto de produção. A pós-produção então nem se compara.




    E é isso. Assistiu o filme? Gostou dele? Comenta aí! E aguarde que daqui a pouco tem post sobre Animais Fantásticos!

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