fatos históricos que inspiraram Game of Thrones
E aí Chuchus! tudo bem?
Sim, é hora do post semanal (porque pela glória do Senhor, eu estou realmente conseguindo postar toda semana)! Quem acompanha (ninguém) sabe que, desde o início da temporada de Game of Thrones desse ano, o blog vem sendo bombardeado de posts. Foi aí que eu percebi que tenho probleminhas quando gosto muito de uma série. E se vocês acham que, quando a série entre em hiatus, minha obsessão diminui, está bem enganado.
Já fazia muito tempo que eu não postava nada sobre Game of Thrones, então achei que agora parecia a oportunidade perfeita pra trazer mais um!
E esse é sobre um tema muito interessante, que você já sabe porque ele está lá no título do blog. Então vamos aos fatos históricos que inspiraram Game of Thrones!
FOGO VIVO
O fogo vivo é aquela substância que Tyrion
usou paraderrotar os navios de Stannis na Baía da Água Negra, que Cersei usou
para explodir o Septo de Baelor, e que Aerys o Louco planejava utilizar para
destruir Kings Landing durante a Rebelião de Robert. O que muita gente não se
ligou é que o Fogo Vivo realmente existiu por anos e anos, e que foi muito
utilizado em guerras.
O Fogo Grego era
um composto químico guardado geralmente em potinhos de barro, que era lançado
como pequenas granadas em outros navios, ou por lançadores. Sua composição era
considerado segredo de estado pelos bizantinos, e a fórmula foi perdida com o
tempo. Houveram outras substâncias que se assimilassem à ele, mas nenhuma
chegou perto de sua eficiência. A principal característica da substância era
que, além de ser inflamável (óbvio), era que as chamas mantinham altas
temperaturas mesmo em contato com a água.
OS PRÍNCIPES NA TORRE
Lembra na segunda
temporada, quando Theon trancou Bran e Rickon em um quarto? E Asha usou toda a
sua astúcia para conseguir tirá-los de lá e fugir com os meninos e Hodor? E
depois Theon matou e esfolou dois meninos, filhos do ferreiro, e disse que
aqueles eram Bran e Rickon? Pois é, isso aconteceu de verdade. Quer dizer, mais
ou menos.
Eduardo V da
Inglaterra e Ricardo de Schrewsbury, Duque de Iork, eram filhos de Eduardo IV
da Inglaterra e Isabel Woodville. Depois da morte do pai, os meninos foram
declarados ilegítimos e trancados na Torre de Londres pelo tio, Ricardo III da
Inglaterra, que foi então declarado rei, em 1483. E depois não há nenhum
registro dos meninos.
Eles não sumiram
exatamente. Não deram perdido no tio, nem fugiram, mas ninguém na corte viu ou
ouviu falar dos meninos, nem houve funeral caso os meninos tenham morrido, de
forma natural ou assassinados. Quase 200 anos depois, a torre foi reformada e
foram encontrados os esqueletos de duas crianças, que acreditaram ser os
pequenos príncipes, e um enterro foi realizado em homenagem a eles.
Outra teoria é que
Eduardo tenha morrido de causas naturais, mas Ricardo sobreviveu e virou
pedreiro. Ainda assim, os restos mortais das crianças encontrados na torre
continuam sendo um mistério.
OS SELVAGENS CANIBAIS
Os hábitos
alimentícios de alguns selvagens do norte da Muralha podem ter sido inspirados
no clã dos Bean, que viveu em uma caverna na Escócia no século XVI. Durante a
maré cheia, o mar cobria a entrada da caverna. Não há consenso se o clã
realmente viveu ou em que época, mas a história se tornou uma das lendas mais
macabras da Idade Média.
Segundo dizem, o
clã dos Bean era liderado por Alexander “Sawney” Bean, um homem filho de um
escavador de vala e jardineiro, que fugiu com uma mulher tão cruel quanto ele.
Juntos, eles tiveram 8 filhos e 6 filhas, e 18 netos e 14 netas, sendo vários
deles produto de incesto. A família sobrevivia de armar emboscadas durante a
noite, matando e roubando viajantes descuidados. Os corpos desses viajantes
eram trazidos para a caverna, onde eram desmembrados e comidos pelo clã. Por
vezes, as sobras dos corpos acabavam indo parar na praia devido à maré alta.
Isso e os desaparecimentos que aconteciam na região fez com que os moradores de
cidades próximas começassem a achar que algo estranho estava acontecendo.
Uma noite, um
homem e sua esposa foram emboscados. O homem conseguiu segurar o grupo até que
outros camponeses chegassem até eles. Os Bean, então fugiram do local. Ouvindo
sobre as atrocidades cometidas por eles, Jaime IV da Escócia, conhecido
posteriormente como Jaime I da Inglaterra, montou soldados investigarem, e
quando encontraram a caverna, repleta de restos humanos, a caçada contra os
Bean se intensificou.
Quando capturados,
todo o clã foi sentenciado à morte sem julgamento. Os homens tiveram os pés,
mãos e genitais cortados e sangraram até a morte. As crianças e mulheres,
depois de testemunharem a morte dos homens, foram queimados vivos.
CASAMENTO VERMELHO
Aquela coisa que aconteceu naquele episódio com aqueles personagens e que deixou todo
mundo muito triste. E foi inspirado em um acontecimento tão covarde quanto.
No século XV, a
Escócia era governada por clãs, que nada mais era que grandes famílias que
possuíam grandes porções de terras e vassalos, assim como os próprios Lordes de
Westeros. Os Starks seriam um clã, ainda que pequeno, e as famílias que vivem
no Norte, seus vassalos, prestavam contas e pagavam impostos aos seus Lordes,
assim como os vassalos escoceses. E além desses clãs, que governavam dentro de
suas terras, havia um Rei que governava sobre toda a Escócia, assim como o Rei
do Trono de Ferro em Westeros.
Em 1437, o Rei
James Stewart I faleceu, deixando como herdeiro seu filho James Stewart II, de
apenas 10 anos, e seu melhor amigo e confidente, Sir Alexander Livingston, para
agir como regente, papel que em Game of Thrones foi exercido por Tywin
Lannister.
O problema era que
o clã Stewart tinha uma família rival, os Douglas, que desejavam alcançar o
trono da Escócia, e como o rei agora era apenas uma criança de 10 anos, um
golpe seria extremamente fácil. Por isso, Livingston iniciou seu plano para se
livrar do clã Douglas.
Para isso,
Livinston organizou um jantar, convidando William Douglas, que na época tinha
16 anos, para um jantar, onde seria feita uma reconciliação entre os clãs
Douglas e Stewart. E em 24 de novembro de 1440, William chegou ao Castelo de
Edimburgo, acompanhado de seu irmão, David Douglas, e seu conselheiro.
O jantar correu
perfeitamente. James II, apenas uma criança, estava contentíssimo em receber
seus convidados. Todos pareciam se divertir. Até o momento em que a música
mudou subitamente, e entrou no salão uma cabeça de touro negro, que naquela
época significava morte iminente.
Os três convidados
foram levados até o pátio e executados, ignorando os pedidos de James II.
AERYS, O LOUCO
Rei Aerys também foi
inspirado em um personagem real, ainda que o rei real fosse um pouco menos
cruel.
Carlos VI da
França foi coroado rei com 11 anos de idade, logo após a morte de seu pai. Por
10 anos, seus 4 tios governaram em seu lugar, enquanto Carlos terminava os estudos.
Quando finalmente assumiu seus deveres, Carlos percebeu que seus tios usaram
todo o dinheiro da coroa em benefícios próprios, e a França se encontrava agora
em um estado deplorável. Carlos, então, pediu ajuda a antigos conselheiros do
pai. Aumentou astronomicamente os impostos, afastou os tios dos negócios do
reino, e aos poucos melhorou a situação da França, sendo então conhecido como
Carlos, o Bem Amado.
Mas nem tudo foram
flores. Aos 23 anos, antes de conseguir estabilizar a economia francesa, Carlos
já dava sinais da esquizofrenia que o acometeria anos depois. Durante uma
viagem de caça, o rei, do nada, puxou sua espada e matou um de seus soldados de
sua guarda, partindo pra cima dos outros. Durante a luta, outros 3 foram
mortos, mas finalmente conseguiram contar o rei e ele teve que fazer o caminho
de volta à corte amarrado à carruagem.
Um ano depois, o
rei passou a esquecer seu nome e o rosto de sua esposa, e por um período
afirmou que era São Jorge, pedindo inclusive para alterar o brasão da família
para que este homenageasse sua santidade.
Em seus últimos
anos, o rei se convenceu de que era feito de vidro, e que ninguém poderia
tocá-lo com medo de que fosse quebrar, o que lembra muito a paranoia de Aerys
de que todos queriam mata-lo. Carlos VI passou meses sem nem ao menos tomar
banho por causa disso. Ele também era visto regularmente perambulando nu pelos
jardins, mexendo na terra.
Seu reinado
terminou com sua morte, aparentemente de causa natural, e isso deixou a França
em um estado de caos. Os cofres estavam vazios, e por um decreto assinado pelo
próprio Carlos VI, seu herdeiro deveria ser Henrique VI, filho de sua filha
Catarina com o Rei Henrique V da Inglaterra. Porém, parte do povo francês se
recusou a obedecer um rei inglês, preferindo Carlos VII, filho de Carlos VI,
como regente, e assim se iniciou assim uma guerra civil na França. O norte, sob
o domínio dos ingleses, e o sul, sob o domínio de Carlos VII. Foi nessa época
que apareceu Joana D’Arc. Isso não tem a menor relevância com Game of Thrones,
mas eu achei isso bem interessante e o blog é meu, então dá licença.
LANNISTERS X STARKS
As tretas entre
Lannisters e Starks também tiveram inspiração na vida real.
Entre 1455 e 1485,
duas grandes famílias, os Lancasters e os Yorks disputavam o trono inglês. Isso
foi logo após a Guerra dos Cem Anos. A Inglaterra passava por sérios problemas
financeiros devido à guerra, e outros sérios problemas internos devido à perda
de terras, tomadas pelos franceses, e ao reinado de Henrique VI.
Os problemas
começaram logo quando Henrique assumiu o trono. Por ser menor de idade, ele precisaria
de um regente que pudesse tomar as decisões pelo reino. E haviam dois
candidatos: Edmundo Beaufort – duque de Somerset – da casa de Lancaster, que
apoiava Henrique VI e a rainha Margarida de Anjou; e Ricardo Plantageneta,
terceiro duque de York, que foi quem começou a questionar a capacidade do rei
devido a comportamentos no mínimo questionáveis.
Nesse cenário, é
fácil ver que Henrique VI é Joffrey, Edmundo Beaufort é Tywin, Margarida de
Anjou é Cersei (vou me aprofundar nisso mais tarde também), e Ricardo
Plantageneta é Ned.
As diferenças com
a série começam aqui: na verdadeira Guerra das Rosas, o próprio Ricardo resolve
se rebelar conta a coroa. Na série, Ned é executado à mando de Joffrey, e é
Robb quem se rebela contra o reino, se declarando Rei do Norte, e marcha contra
os Lannisters. Na Guerra das Rosas, Ricardo aprisiona o rei Henrique, assumindo
assim o trono temporariamente. Na série, Robb aprisiona Jaime, mas não
consegue, com isso, assumir o trono.
Mas a Guerra das
Rosas não acabou aí. Os Lancasters continuaram atacando e, em 1460, conseguiram
derrotar os Yorks na batalha de Wakefield, retornando o trono para Henrique. MÃNS,
apenas um ano depois, Eduardo IV, da família York, derrota novamente os Lancasters,
assumindo o trono inglês. MÃNSS², pouco tempo depois o trono volta para
Henrique VI depois que Eduardo é traído pelos nobres.
Essa traição é
muito similar ao Casamento Vermelho, mas diferente do Casamento, Eduardo não
foi morto.
Mas aí, em 1471,
Henrique VI é assassinado, junto com a família, e Eduardo assume o trono. Dois
anos depois ele morre, e Ricardo III manda assassinar os filhos do antigo rei,
que seriam os próximos na sucessão do trono.
Mas a Guerra das
Rosas só acaba em 1485, quando Henrique Tudor derrota Ricardo III e dá início à
sua dinastia, assumindo o nome Henrique VII (que depois vai pra Henrique VIII,
aquele da Catarina de Aragão e Ana Bolena e etecetera e etecetera). Henrique
VII então decide acabar com todas as disputas pelo trono: ele era de
descendência Lancaster, e se casou com Isabel de York, unindo assim as duas
famílias.
Essa união era bem
o plano de Cersei ao casar Joffrey com Sansa.
CERSEI LANNISTER
A inspiração para
Cersei também veio da Guerra das Rosas.
É possível ver
vários paralelos entre Cersei e Margarida de Anjou: ambas eram rainhas
consortes de reis considerados quase inaptos a governar, e tiveram rumores de
que seus filhos e herdeiros ao trono não eram filhos legítimos. No caso de
Cersei, sabemos que era verdade.
Ambas também eram
mulheres fortes, que jogavam o “jogo dos tronos”, e foram muito decisivas durante
as guerras. Margarida tomou a frente durante a Guerra das Rosas pois seu marido
não tinha condições de tomar decisões, e não era bom em táticas de guerra; e
Cersei tomou a frente porque Joffrey, além de não ter idade, também não tinha
condições de tomar decisões muito importantes, e porque ela realmente queria
ter poder.
Tem muitas outras
histórias que dariam outros tantos posts, e talvez realmente virem em um futuro
distante, mas por hoje fica aqui a minha viagem ao passado guiada por Game of
Thrones. Até a semana que vem!