fatos históricos que inspiraram Game of Thrones

8/22/2016 Isabela Bracher 0 Comments

    E aí Chuchus! tudo bem?
    Sim, é hora do post semanal (porque pela glória do Senhor, eu estou realmente conseguindo postar toda semana)! Quem acompanha (ninguém) sabe que, desde o início da temporada de Game of Thrones desse ano, o blog vem sendo bombardeado de posts. Foi aí que eu percebi que tenho probleminhas quando gosto muito de uma série. E se vocês acham que, quando a série entre em hiatus, minha obsessão diminui, está bem enganado.
    Já fazia muito tempo que eu não postava nada sobre Game of Thrones, então achei que agora parecia a oportunidade perfeita pra trazer mais um!
 



    E esse é sobre um tema muito interessante, que você já sabe porque ele está lá no título do blog. Então vamos aos fatos históricos que inspiraram Game of Thrones!

FOGO VIVO


    O fogo vivo é aquela substância que Tyrion usou paraderrotar os navios de Stannis na Baía da Água Negra, que Cersei usou para explodir o Septo de Baelor, e que Aerys o Louco planejava utilizar para destruir Kings Landing durante a Rebelião de Robert. O que muita gente não se ligou é que o Fogo Vivo realmente existiu por anos e anos, e que foi muito utilizado em guerras.
    O Fogo Grego era um composto químico guardado geralmente em potinhos de barro, que era lançado como pequenas granadas em outros navios, ou por lançadores. Sua composição era considerado segredo de estado pelos bizantinos, e a fórmula foi perdida com o tempo. Houveram outras substâncias que se assimilassem à ele, mas nenhuma chegou perto de sua eficiência. A principal característica da substância era que, além de ser inflamável (óbvio), era que as chamas mantinham altas temperaturas mesmo em contato com a água.



OS PRÍNCIPES NA TORRE


    Lembra na segunda temporada, quando Theon trancou Bran e Rickon em um quarto? E Asha usou toda a sua astúcia para conseguir tirá-los de lá e fugir com os meninos e Hodor? E depois Theon matou e esfolou dois meninos, filhos do ferreiro, e disse que aqueles eram Bran e Rickon? Pois é, isso aconteceu de verdade. Quer dizer, mais ou menos.
    Eduardo V da Inglaterra e Ricardo de Schrewsbury, Duque de Iork, eram filhos de Eduardo IV da Inglaterra e Isabel Woodville. Depois da morte do pai, os meninos foram declarados ilegítimos e trancados na Torre de Londres pelo tio, Ricardo III da Inglaterra, que foi então declarado rei, em 1483. E depois não há nenhum registro dos meninos.
    Eles não sumiram exatamente. Não deram perdido no tio, nem fugiram, mas ninguém na corte viu ou ouviu falar dos meninos, nem houve funeral caso os meninos tenham morrido, de forma natural ou assassinados. Quase 200 anos depois, a torre foi reformada e foram encontrados os esqueletos de duas crianças, que acreditaram ser os pequenos príncipes, e um enterro foi realizado em homenagem a eles.
    Outra teoria é que Eduardo tenha morrido de causas naturais, mas Ricardo sobreviveu e virou pedreiro. Ainda assim, os restos mortais das crianças encontrados na torre continuam sendo um mistério.



OS SELVAGENS CANIBAIS


    Os hábitos alimentícios de alguns selvagens do norte da Muralha podem ter sido inspirados no clã dos Bean, que viveu em uma caverna na Escócia no século XVI. Durante a maré cheia, o mar cobria a entrada da caverna. Não há consenso se o clã realmente viveu ou em que época, mas a história se tornou uma das lendas mais macabras da Idade Média.
    Segundo dizem, o clã dos Bean era liderado por Alexander “Sawney” Bean, um homem filho de um escavador de vala e jardineiro, que fugiu com uma mulher tão cruel quanto ele. Juntos, eles tiveram 8 filhos e 6 filhas, e 18 netos e 14 netas, sendo vários deles produto de incesto. A família sobrevivia de armar emboscadas durante a noite, matando e roubando viajantes descuidados. Os corpos desses viajantes eram trazidos para a caverna, onde eram desmembrados e comidos pelo clã. Por vezes, as sobras dos corpos acabavam indo parar na praia devido à maré alta. Isso e os desaparecimentos que aconteciam na região fez com que os moradores de cidades próximas começassem a achar que algo estranho estava acontecendo.
    Uma noite, um homem e sua esposa foram emboscados. O homem conseguiu segurar o grupo até que outros camponeses chegassem até eles. Os Bean, então fugiram do local. Ouvindo sobre as atrocidades cometidas por eles, Jaime IV da Escócia, conhecido posteriormente como Jaime I da Inglaterra, montou soldados investigarem, e quando encontraram a caverna, repleta de restos humanos, a caçada contra os Bean se intensificou.
    Quando capturados, todo o clã foi sentenciado à morte sem julgamento. Os homens tiveram os pés, mãos e genitais cortados e sangraram até a morte. As crianças e mulheres, depois de testemunharem a morte dos homens, foram queimados vivos.



CASAMENTO VERMELHO


    Aquela coisa que aconteceu naquele episódio com aqueles personagens e que deixou todo mundo muito triste. E foi inspirado em um acontecimento tão covarde quanto.
    No século XV, a Escócia era governada por clãs, que nada mais era que grandes famílias que possuíam grandes porções de terras e vassalos, assim como os próprios Lordes de Westeros. Os Starks seriam um clã, ainda que pequeno, e as famílias que vivem no Norte, seus vassalos, prestavam contas e pagavam impostos aos seus Lordes, assim como os vassalos escoceses. E além desses clãs, que governavam dentro de suas terras, havia um Rei que governava sobre toda a Escócia, assim como o Rei do Trono de Ferro em Westeros.
    Em 1437, o Rei James Stewart I faleceu, deixando como herdeiro seu filho James Stewart II, de apenas 10 anos, e seu melhor amigo e confidente, Sir Alexander Livingston, para agir como regente, papel que em Game of Thrones foi exercido por Tywin Lannister.
   O problema era que o clã Stewart tinha uma família rival, os Douglas, que desejavam alcançar o trono da Escócia, e como o rei agora era apenas uma criança de 10 anos, um golpe seria extremamente fácil. Por isso, Livingston iniciou seu plano para se livrar do clã Douglas.
    Para isso, Livinston organizou um jantar, convidando William Douglas, que na época tinha 16 anos, para um jantar, onde seria feita uma reconciliação entre os clãs Douglas e Stewart. E em 24 de novembro de 1440, William chegou ao Castelo de Edimburgo, acompanhado de seu irmão, David Douglas, e seu conselheiro.
    O jantar correu perfeitamente. James II, apenas uma criança, estava contentíssimo em receber seus convidados. Todos pareciam se divertir. Até o momento em que a música mudou subitamente, e entrou no salão uma cabeça de touro negro, que naquela época significava morte iminente.
    Os três convidados foram levados até o pátio e executados, ignorando os pedidos de James II.



AERYS, O LOUCO


    Rei Aerys também foi inspirado em um personagem real, ainda que o rei real fosse um pouco menos cruel.
    Carlos VI da França foi coroado rei com 11 anos de idade, logo após a morte de seu pai. Por 10 anos, seus 4 tios governaram em seu lugar, enquanto Carlos terminava os estudos. Quando finalmente assumiu seus deveres, Carlos percebeu que seus tios usaram todo o dinheiro da coroa em benefícios próprios, e a França se encontrava agora em um estado deplorável. Carlos, então, pediu ajuda a antigos conselheiros do pai. Aumentou astronomicamente os impostos, afastou os tios dos negócios do reino, e aos poucos melhorou a situação da França, sendo então conhecido como Carlos, o Bem Amado.
    Mas nem tudo foram flores. Aos 23 anos, antes de conseguir estabilizar a economia francesa, Carlos já dava sinais da esquizofrenia que o acometeria anos depois. Durante uma viagem de caça, o rei, do nada, puxou sua espada e matou um de seus soldados de sua guarda, partindo pra cima dos outros. Durante a luta, outros 3 foram mortos, mas finalmente conseguiram contar o rei e ele teve que fazer o caminho de volta à corte amarrado à carruagem.
    Um ano depois, o rei passou a esquecer seu nome e o rosto de sua esposa, e por um período afirmou que era São Jorge, pedindo inclusive para alterar o brasão da família para que este homenageasse sua santidade.
    Em seus últimos anos, o rei se convenceu de que era feito de vidro, e que ninguém poderia tocá-lo com medo de que fosse quebrar, o que lembra muito a paranoia de Aerys de que todos queriam mata-lo. Carlos VI passou meses sem nem ao menos tomar banho por causa disso. Ele também era visto regularmente perambulando nu pelos jardins, mexendo na terra.
    Seu reinado terminou com sua morte, aparentemente de causa natural, e isso deixou a França em um estado de caos. Os cofres estavam vazios, e por um decreto assinado pelo próprio Carlos VI, seu herdeiro deveria ser Henrique VI, filho de sua filha Catarina com o Rei Henrique V da Inglaterra. Porém, parte do povo francês se recusou a obedecer um rei inglês, preferindo Carlos VII, filho de Carlos VI, como regente, e assim se iniciou assim uma guerra civil na França. O norte, sob o domínio dos ingleses, e o sul, sob o domínio de Carlos VII. Foi nessa época que apareceu Joana D’Arc. Isso não tem a menor relevância com Game of Thrones, mas eu achei isso bem interessante e o blog é meu, então dá licença.



LANNISTERS X STARKS


    As tretas entre Lannisters e Starks também tiveram inspiração na vida real.
    Entre 1455 e 1485, duas grandes famílias, os Lancasters e os Yorks disputavam o trono inglês. Isso foi logo após a Guerra dos Cem Anos. A Inglaterra passava por sérios problemas financeiros devido à guerra, e outros sérios problemas internos devido à perda de terras, tomadas pelos franceses, e ao reinado de Henrique VI.
    Os problemas começaram logo quando Henrique assumiu o trono. Por ser menor de idade, ele precisaria de um regente que pudesse tomar as decisões pelo reino. E haviam dois candidatos: Edmundo Beaufort – duque de Somerset – da casa de Lancaster, que apoiava Henrique VI e a rainha Margarida de Anjou; e Ricardo Plantageneta, terceiro duque de York, que foi quem começou a questionar a capacidade do rei devido a comportamentos no mínimo questionáveis.
    Nesse cenário, é fácil ver que Henrique VI é Joffrey, Edmundo Beaufort é Tywin, Margarida de Anjou é Cersei (vou me aprofundar nisso mais tarde também), e Ricardo Plantageneta é Ned.
    As diferenças com a série começam aqui: na verdadeira Guerra das Rosas, o próprio Ricardo resolve se rebelar conta a coroa. Na série, Ned é executado à mando de Joffrey, e é Robb quem se rebela contra o reino, se declarando Rei do Norte, e marcha contra os Lannisters. Na Guerra das Rosas, Ricardo aprisiona o rei Henrique, assumindo assim o trono temporariamente. Na série, Robb aprisiona Jaime, mas não consegue, com isso, assumir o trono.
    Mas a Guerra das Rosas não acabou aí. Os Lancasters continuaram atacando e, em 1460, conseguiram derrotar os Yorks na batalha de Wakefield, retornando o trono para Henrique. MÃNS, apenas um ano depois, Eduardo IV, da família York, derrota novamente os Lancasters, assumindo o trono inglês. MÃNSS², pouco tempo depois o trono volta para Henrique VI depois que Eduardo é traído pelos nobres.
    Essa traição é muito similar ao Casamento Vermelho, mas diferente do Casamento, Eduardo não foi morto.
    Mas aí, em 1471, Henrique VI é assassinado, junto com a família, e Eduardo assume o trono. Dois anos depois ele morre, e Ricardo III manda assassinar os filhos do antigo rei, que seriam os próximos na sucessão do trono.
    Mas a Guerra das Rosas só acaba em 1485, quando Henrique Tudor derrota Ricardo III e dá início à sua dinastia, assumindo o nome Henrique VII (que depois vai pra Henrique VIII, aquele da Catarina de Aragão e Ana Bolena e etecetera e etecetera). Henrique VII então decide acabar com todas as disputas pelo trono: ele era de descendência Lancaster, e se casou com Isabel de York, unindo assim as duas famílias.
    Essa união era bem o plano de Cersei ao casar Joffrey com Sansa.



CERSEI LANNISTER


    A inspiração para Cersei também veio da Guerra das Rosas.
    É possível ver vários paralelos entre Cersei e Margarida de Anjou: ambas eram rainhas consortes de reis considerados quase inaptos a governar, e tiveram rumores de que seus filhos e herdeiros ao trono não eram filhos legítimos. No caso de Cersei, sabemos que era verdade.
    Ambas também eram mulheres fortes, que jogavam o “jogo dos tronos”, e foram muito decisivas durante as guerras. Margarida tomou a frente durante a Guerra das Rosas pois seu marido não tinha condições de tomar decisões, e não era bom em táticas de guerra; e Cersei tomou a frente porque Joffrey, além de não ter idade, também não tinha condições de tomar decisões muito importantes, e porque ela realmente queria ter poder.



    Tem muitas outras histórias que dariam outros tantos posts, e talvez realmente virem em um futuro distante, mas por hoje fica aqui a minha viagem ao passado guiada por Game of Thrones. Até a semana que vem!

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