#ProjetoOscar - A Chegada (review)

1/16/2017 Isabela Bracher 1 Comments

E aí, Chuchus! Sim, mais um post do #ProjetoOscar! Dessa vez, vou falar sobre A Chegada, o quarto sci-fi, pelo quarto ano seguido, a ter grandes chances de prêmios, e na minha opinião, o melhor! Então vamos lá!


A CHEGADA – ARRIVAL



DIREÇÃO: Dennis Villeneuve
ROTEIRO: Eric Heisserer (roteiro); Ted Chiang (história “Story of Your Life”)
ELENCO: Amy Adams, Jeremy Renner, Forest Whitaker
DURAÇÃO: 1 hr 56 mins
IMPRESSÕES: MEU DEUS QUE FILME!!!!
POSSÍVEIS INDICAÇÕES: Melhor roteiro adaptado (Eric Heisserer); melhor diretor (Dennis Villeneuve); Melhor atriz (Amy Adams); Melhor trilha sonora; Melhor mixagem de som; Melhor filme
NOTA: 4,7/5.

Eu preciso começar esse post, ou “review”, ou sei lá, falando que sim, aparentemente pela internet muita gente não gostou do filme ou falou que muita coisa não fez sentido. Já falo desde agora que eu entendi a maioria das coisas que disseram ser sem sentido ou sem explicação. “Ah, então eu sou bichona, entendi tudo” não, não é isso, é que realmente são conceitos complicados de entender se não pegar logo do começo qual o tema do filme, como vão vir as “pistas” que só fazem sentido no final do filme. É tudo muito visual e não-linear, então realmente na hora de assistir é preciso um pouco de desprendimento quanto a narrativa. Nem tudo o que foi mostrado até a metade do filme realmente aconteceu até a metade do filme. E eu vou explicar mais um pouco do que eu achei disso no fim do texto.
Começando então do início.
Ouvimos a narração da Louise, interpretada pela Amy Adams, falando com a filha. Vemos toda a história dela, desde quando ela nasceu até a morte dela por câncer ou alguma outra doença. Desde aquela hora já temos, pela narração, uma pista de que aquela história não é linear. Logo depois vemos que chegaram à Terra 12 “naves”, batizadas como conchas, em 12 pontos completamente diferentes, e que ninguém sabe o que está acontecendo.
Quarenta e oito horas depois, Louise é abordada por um Coronel do exército que a convida pra trabalhar em um projeto secreto que tenta se comunicar com os alienígenas. Louise é uma excelente linguista que já havia trabalhado com o governo norte-americano, por isso a escolha. Chegando então à base vemos a concha e conhecemos Ian, o matemático cientista que acompanharia Louise e tentaria entender o que estava acontecendo cientificamente com explicações científicas.
E a partir daí acompanhamos a interação entre Louise e Ian e os aliens.
Particularmente, gosto muito de linguística então essa parte pra mim foi muito interessante. Seres humanos de repente tiveram contato com uma espécie que não possui um sistema linguístico oral que consigamos entender ou imitar, e que possui um sistema linguístico escrito completamente diferente do nosso. Como nós, humanos, queremos saber o que eles, alienígenas, estão fazendo aqui, o mais sensato é aprender a língua deles já que são eles quem responderão as perguntas. Louise e Ian se empenham muito nisso, e criam realmente um laço com os alienígenas com quem mantém contato. A evolução é muito grande, e em dois meses já era possível manter conversas bilaterais com eles, com perguntas e respostas. Mas ainda era difícil saber o que eles queriam dizer com aquelas palavras porque palavras podem ter mais de um significado, e não existe nenhum dicionário pra poder conferir os sentidos que aqueles termos podem ter.
E é aí que a coisa começa a ficar feia de verdade. Como o esperado, várias nações do mundo que tinham contato com a concha não confiavam nem um pouco nos visitantes. E como o esperado, alguns quiseram entrar em guerra com eles. E foi nesse ponto, quando a China declarou guerra, que as coisas ficaram meio complicadas, e eu vou tentar explicar.
Durante todo o filme vemos flashes de Louise conversando com a filha, aquela que morreu logo no começo do filme. Nas cenas, Louise parece triste. Nós somos levados a pensar que talvez seja algo a ver com o divórcio, com o marido, ou o trabalho, mas depois descobrimos que, na verdade, ela está perdida.
Todo o conceito da linguagem dos aliens é circular porque a realidade como um todo é circular, e não linear. Quando Louise começa a estudar a linguagem dos aliens, como Ian comentou em um ponto do filme, a cabeça dela começou a funcionar daquela forma, como alguém que começa a estudar outra língua e se pega pensando em palavras ou na estrutura da frase desse segundo idioma. Louise começou a ver a realidade como linear.
Ela não estava lembrando da filha que morreu, nem vendo o futuro quando a filha morre. Ela está, por pequenos intervalos de tempo, vivendo naquele período. Ela está com a filha pequena, mesmo sem entender nada do que está acontecendo. Por isso ela parece perdida. Por isso ela não sabe o número do general chinês, e nem lembra que ligou pra ele. Esses momentos a ajudam a entender mais sobre o que esta acontecendo e sobre a linguagem que ela está tentando aprender, e a colocam no caminho necessário pra que tudo aconteça da forma como deve ser.
Quando pergunta o que os alienígenas queriam aqui na Terra, eles responderam que queriam lhes dar uma arma. A arma era a língua deles, a habilidade de ver a realidade de forma não-linear, porque em 3000 anos são eles quem vão precisar da ajuda dos humanos, e pra que nós pudéssemos ajuda-los, nós precisaríamos saber a língua deles.
Então eles viajaram no tempo? Não exatamente. Assim como as visões de Louise, eles não estão viajando pelo tempo ou vendo no passado ou futuro, eles estão vivendo nesse período. Eles sabem o que vai acontecer, como vai acontecer, e o que precisa acontecer. Eles sabem que Louise precisa ser imersa nessa língua pra poder entende-la, sabem que a China vai ataca-los, sabem que Abbott vai morrer. Então eles fazem tudo exatamente da forma como precisa acontecer.
Complicado? Sim, muito complicado, mas se você consegue aceitar que, no filme, a realidade não é linear, e que a linguagem deles funciona como uma forma de representar essa realidade e não simplesmente para se comunicar, fica muito mais fácil de entender.
E temos o fim, que me fez chorar só um tiquinho. Nós sabemos que Louise passou a vida inteira da filha esperando o momento em que a filha morreria. Ela sabia que isso aconteceria desde antes de ela nascer. Ela também sabe que o marido pediria o divórcio quando soubesse disso, e também sabia que ela o contaria. E ainda assim ela escolheu viver tudo aquilo. Foi uma escolha. Ela queria se casar com Ian, mesmo sabendo das consequências. Ela queria ver a filha, mesmo sabendo o quanto sofreria por ela. Ela quis contar para Ian sobre a doença da filha muito antes do diagnóstico, mesmo sabendo o que aquilo faria com os dois. Ela queria a chance de viver tudo aquilo, mesmo sabendo como tudo terminaria.
Tecnicamente, o filme é impecável. A fotografia é maravilhosa, e a trilha sonora casa perfeitamente com o filme, ajudando ainda mais na atmosfera de suspense. A direção de Dennis Villenueve, de Os Suspeitos e Sicário, dois filmões que eu recomendo muito, também é incrível, assim como a atuação de Amy Adams. Esse certamente é o filme pelo qual ela deveria ser indicada, como provavelmente vai ser.
Minhas apostas quanto a indicações são: Melhor diretor, melhor roteiro adaptado, melhor trilha sonora, melhor mixagem de som, melhor atriz e melhor filme. E até o momento eu ficaria mais que feliz se ganhasse qualquer um desses prêmios – mas ainda falta muita coisa pra ver.

E eu vou continuar postando aqui. Até a próxima.

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Um comentário:

  1. Desde que vi o elenco imaginei que seria uma grande produção, já que tem a participação de atores muito reconhecidos de Hollywood, como Amy Adams. O último que eu vi foi a Liga da Justiça, na minha opinião, foi um dos melhores personagens da liga da justiça. O ritmo é bom e consegue nos prender desde o princípio, cuida todos os detalhes e como resultado é uma grande produção, um filme que se converteu em um dos meus preferidos. Sem dúvida o veria novamente! É uma boa opção para uma tarde de filmes.

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