#ProjetoOscar - Capitão Fantástico (review)
E aí, Chuchus! Primeiro post do ano!! Dia 6 de janeiro! Já me aconteceram várias bostas, mas eu decidi que esse ano vai ser bom, então se o negócio não tiver indo bem, eu vou forçar tudo a ficar bem até ser bom de verdade! (finge que entendeu).
Pra começar o ano, trago mais um post da série #ProjetoOscar, com outro filme com grande potencial de indicação!! Um filme lindimais que recomendo super! Lembrando sempre que esse post tá cheio de spoilers, então esteja avisado!
Pra começar o ano, trago mais um post da série #ProjetoOscar, com outro filme com grande potencial de indicação!! Um filme lindimais que recomendo super! Lembrando sempre que esse post tá cheio de spoilers, então esteja avisado!
CAPTAIN FANTASTIC – CAPITÃO FANTÁSTICO
DIREÇÃO: Matt Ross
ROTEIRO: Matt Ross
ELENCO: Viggo Mortensen; George Mackay; Nocholas Hamilton; Kathryn Hahn
DURAÇÃO: 1 hr 58 mins
DURAÇÃO: 1 hr 58 mins
IMPRESSÕES: que filme, que amor! <3
POSSÍVEIS INDICAÇÕES: Melhor roteiro original (Matt Ross); melhor fotografia.
NOTA: 4/5.
Uma família vive no meio de uma floresta. Eles caçam, plantam, pegam agua do rio, fazem roupas com peles de animais, fazem treinamento físico intenso que inclui estalada de montanhas, quilômetros de corrida na floresta, treino de luta com faca, tiro com arco, e yoga. Eles também tocam múltiplos instrumentos, falam múltiplas línguas, e possuem um conhecimento muito avançado em história, ciências, artes, matemática e basicamente tudo o que se possa aprender na escola. Os professores são os pais e os livros, e os alunos são os filhos. Quando precisam de dinheiro, o pai leva os produtos artesanais que produzem, tanto alimentos quanto artesanatos, e os vende num mercado de estrada perto de onde moram.
Eles não tinham
grandes problemas.
E também não
tinham contato nenhum com o mundo fora da pequena “comunidade” que criaram.
Até que a mãe,
Leslie, que sofre de bipolaridade, comete suicídio em uma clínica a quilômetros
de distância.
E foi daí que todos
os problemas, que antes aparentavam não existir, surgem à tona.
Ben, o pai, tem
uma relação muito conturbada com a família da esposa. Eles são uma família
rica, “tradicional”, e culpam Ben por ter feito a filha desistir da carreira de
advogada pra viver no meio da floresta com os filhos. Eles também descordam da
forma como o casal criava as crianças, isoladas do mundo. E, acima de tudo,
culpavam Ben pela doença da filha, ou pela demora em procurar tratamento.
Ben sabe que não
vai poder levar os filhos ao funeral de Leslie. A família dela não o permitiria
entrar, e a própria cerimônia seria completamente diferente da forma como eles
honrariam a vida dela. Mas os filhos queriam ir, e o pai os levou.
É aí que começa o choque de realidade.
Durante o trajeto até o local do funeral, os filhos perceberam como a criação
deles é diferente da das outras crianças. O choque entre eles foi brutal, e a
criação deles começou a ser criticada por muitos: a irmã e o cunhado de Ben, a
família de Leslie, as pessoas que encontraram nos acampamentos de trailer. E
quanto mais via a diferença entre os filhos e as outras crianças, mais Ben
questionava tudo o que acreditava.
Afinal, ele criou
seus filhos da forma que achou melhor. Eles eram muito saudáveis, tinham uma
alimentação e preparo físico muito melhor que a média, falavam várias línguas,
tocavam vários instrumentos, tinham uma grande habilidade de argumentação, além
de muito conhecimento sobre artes, história, ciências e tudo o mais. Eles não
tinham hábitos nocivos, não gastavam horas no celular ou jogando videogame ou
assistindo TV, não eram consumistas. Grande parte das críticas que fazem à
nossa geração, eles não tinham.
Ainda assim, eles
não conseguiam se adaptar a esse novo mundo que eles não conhecem. Como disse
Bo, o filho mais velho, se não estivesse em um livro, eles não sabiam.
É essa a crítica
principal que eu acho que está presente no filme. Não foi uma crítica ao
comunismo (que eu sinceramente tentei ver, mas não encontrei), nem ao
capitalismo. Houveram muitos momentos em que filosofias de esquerda e
anti-capitalista foram ditas no filme, mas eram discussões tão teóricas que
pareciam lidas de um livro. Não que os personagens pareciam ter decorado e
apenas citassem argumentos de terceiros, aquela era a linguagem que eles estavam
acostumados, nós da audiência é que não estávamos, e por isso a maior parte
entrou por um ouvido e saiu pelo outro.
Além disso, a
forma de vida deles – que poderia ser quase considerada um """socialismo""" com
muitas aspas, porque ali não havia riqueza pra ser dividida como num sistema de
governo, apenas o trabalho comunitário e o produto desse trabalho – não sofreu
mudança significativa no final do filme.
Foi uma crítica ao
isolamento dos filhos, cujos pais querem “protege-los” dos males da sociedade moderna.
Há casos e casos de famílias que ensinam os filhos em casa pra poderem
controlar o tipo de conhecimento que eles adquirem, e principalmente controlar
o tipo de pessoa que eles conhecem. E quando esses filhos precisam viver no “mundo
real”, longe das regras de casa, e se confrontam com questões que nunca foram
colocadas pra eles, eles se sentem simplesmente perdidos.
Os filhos não se
sentiam deslocados porque não tinham celular, ou porque não compravam tênis da
Nike ou Adidas, eles se sentiam deslocados porque havia muito da interação
humana que eles não conheciam. Bo beijou uma menina pela primeira vez e NA
MESMA NOITE a pediu em casamento porque simplesmente não sabia como as coisas
funcionam. Esse é o tipo de coisa que acabou sendo negligenciada por Ben e
Leslie não de propósito, mas acho que porque eles não pensavam que havia tanto
pra ser aprendido sobre isso. Rellian não queria viver com os avós porque eles
eram ricos, queria viver com eles porque assim ele poderia conversar com outras
crianças, conhecer outras pessoas, coisa que dificilmente aconteceria se ele
voltasse pra casa na floresta.
O final do filme,
a decisão de Ben de se mudar para mais perto da cidade e de matricular os
filhos em uma escola regular, não foi um atestado de que sua forma de educação
não funcionou, e sim a aceitação de que ela foi incompleta porque faltou a
socialização. Creio que grande parte do que eles faziam na floresta continua
sendo hábito: a alimentação (mesmo que agora eles não precisem caçar), a rotina
de treino físico, a leitura e teste sobre os livros que andam lendo (porque na
escola eles com certeza estão muito avançados). Tudo isso faz parte da vida
deles, e continuará sendo.
No quesito
estatuetas, acho que tem grandes chances de indicação em Melhor Roteiro
Original, e Melhor Fotografia. É o filme indie que aparece todo mundo, faz todo
mundo suspirar de tão lindo, tanto no visual quanto no roteiro, mas ainda não
acho que seja o vencedor. É um filme muito bom, mas ainda falta algo que o
torne memorável. Mas ainda falta muito filme pra assistir, então nunca se sabe.